Nas Bocas do Mundo - Warren Buffett
22 de Agosto,
2011
por César Avó
No ano
em que as Torres Gémeas deixaram de fazer parte da paisagem de Nova Iorque, outro atentado – sem o horror nem o ‘espectáculo’ semeado pelo primeiro, é certo – se abateu sobre os norte-americanos:
George W. Bush decretou em Junho de 2001 uma série de cortes e isenções nos rendimentos
e nos impostos sobre imóveis, dividendos, etc. aos mais ricos.
A medida
revelou-se tão iníqua como a
invasão ao Iraque. Além da questão moral que a enforma, as consequências
foram desastrosas. Bill
Clinton tinha deixado um superavit que se transformou na actual montanha de défice. E esta foi a principal causa (1,2 biliões de euros entre 2002 e 2009), mais do que as guerras no Iraque e noAfeganistão. O mesmo défice que
os republicanos tanto querem combater hoje, mas
que mantêm Barack Obama refém do Congresso ao não permitirem
a subida de impostos. Se em 2012 este regime de excepção aos ricos
não acabar, o país não conseguirá
arrecadar 2,6 biliões de
euros na próxima década). Poder-se-ia argumentar que a carga fiscal era excessiva e que esse dinheiro
seria mais sabiamente aplicado na criação de negócios,
de empregos, em suma, de riqueza. Mas nada disso se verificou – apenas se agravou o fosso entre norte-americanos.
É neste
cenário que um dos homens mais ricos
do mundo escreveu um artigo de opinião no New York
Times (Parem de mimar os milionários). Nele demonstra que o s seus empregados
têm uma carga
fiscal muito superior à sua
e defende que ele, como os
restantes milionários, devem pagar mais
impostos. Parece óbvio, e é. Mas vindo de quem vem
é uma bofetada à classe política de Washington e também aos colegas
de fortuna que terão feito lobbying pela medida.
cesar.avo@sol.pt