Nobel Obama

 

EDITORIAL

 

Há quatro momentos em que um presidente dos Estados Unidos pode ganhar o Nobel da Paz: no início de o ser, a meio, no fim, depois de o ser. Esta última é a única que dá segurança absoluta ao Comité Nobel e aconteceu a Jimmy Carter, que foi um mau presidente, mas um excelente ex-chefe do Estado, fazendo muito pela paz e pelos direitos humanos quando já não tinha qualquer poder sobre o mais poderoso país do mundo. A penúltima aconteceu a Woodrow Wilson, mas o Tratado de Versalhes não passou de uma má aplicação do seu idealismo. A meio aconteceu a Theodore Roosevelt, reconhecido por ter mediado a paz entre russos e japoneses, o que não o impediu, porém, de usar o cacete na América Central e nas Caraíbas as vezes que foi necessário. A primeira circunstância estreou-se agora, graças a Barack Obama.

 

Se Obama merece o Nobel é discutível. Pelo que promete, pela esperança que desperta um pouco por todo o mundo, certamente que sim. Por aquilo que já fez, parece, contudo, prematuro. É um cidadão do mundo, filho de um africano e de uma americana, viveu num país muçulmano, lidera uma pátria de imigrantes, o que, tudo somado, é significativo. E tem um discurso ético impecável, uma mensagem de diálogo, que, insistindo, terá resultados. Terá sido isso que o Comité Nobel quis salientar, a crença na missão de Obama. Um prémio que, mais que reconhecer, desafia, que coloca sobre os ombros do líder americano uma responsabilidade enorme. Terá de estar à altura, usar o imenso poder que tem para ajudar a melhorar o mundo. É isso que esperam dele os americanos que o elegeram, é isso que espera esse mundo, que graças a ele acredita de novo no papel transformador da América.