Patriota: manutenção de espionagem afeta
relações entre Brasil e EUA
O
ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, cobrou nesta terça-feira
(13) do secretário de Estado norte-americano,
John Kerry, o fim do esquema
de espionagem feito por agências dos Estados Unidos a cidadãos de seu país e do exterior. Segundo Patriota,
se a prática for mantida,
as relações entre os Estados Unidos e o Brasil podem se enfraquecer, por causa de dúvidas e desconfianças.
A
reação do chanceler surpreendeu a Kerry, que prometeu mais informações
às autoridades brasileiras, uma vez que Patriota
exigiu explicações detalhadas sobre o monitoramento de dados feito no Brasil. No entanto, disse Patriota, apenas explicações não solucionam o impasse.
“Consideramos que os Estados Unidos
não encontrarão melhor parceiro no combate ao terrorismo
na medida em que as ações
sejam levadas a cabo de forma transparente. Quando as ações são feitas de forma plena fortalecem a confiança. Quando há falta de informação,
isso pode enfraquecer a confiança”.
O
chanceler brasileiro reiterou que, se o impasse decorrente das denúncias de espionagem não for resolvido, como esperam as autoridades brasileiras, haverá riscos na relação
positiva mantida pelos dois países.
“Caso [as questões] não sejam resolvidas
de modo satisfatório, corre-se o risco de haver uma sombra
de confiança no nosso trabalho”.
Ao conceder entrevista
ao lado de Kerry, Patriota lembrou que o governo brasileiro
pediu explicações aos Estados Unidos,
assim que vieram à tona as informações sobre o monitoramento de dados a cidadãos
e autoridades do Brasil.
“Não podemos minimizar
o tema da espionagem, pois temos um compromisso com a democracia, o bom governo, a abertura da sociedade civil. [Vivemos em um] espaço de democracia e justiça social”, disse o chanceler. Porém, o processo de esclarecimento não é um fim em
si mesmo e prestar esclarecimentos não deve ser a única reação dos Estados Unidos às denúncias, ressaltou
Patriota.
O
chanceler lembrou que os países
do Mercosul adotaram uma medida conjunta
– cobrar da Organização das Nações Unidas (ONU) uma
ação sobre as denúncias de espionagem –, que revela “uma
preocupação legítima com práticas que possam
ser atentatórias aos [direitos] dos indivíduos”.
A
conversa entre Patriota e
Kerry durou cerca de uma hora e meia.
Foi o segundo encontro dos dois, depois que o norte-americano
assumiu o cargo de secretário
de Estado, em fevereiro. O primeiro encontro foi em maio.