Parece que não é de comer

 

2012-06-09

 

O Facebook é de comer? A pergunta que aqui deixei no passado dia 19 decorria da perplexidade que me tinha causado a entrada em Bolsa da empresa detentora da rede social, avaliada em 100 mil milhões de dólares.

 

Passadas quatro semanas, a questão principia a ter uma resposta bolsista: afinal, parece que o Facebook não é de comer.

 

Vejamos: em 12 dias a cotação em Bolsa do Facebook passou de um máximo de 45 dólares para um mínimo de 26,80.

 

Sobre esta espécie de meteorito bolsista principiam a ser revelados dados sociológicos que ajudam a explicar o epifenómeno. Nesta semana, um estudo de opinião da agência internacional de notícias Reuters revelou que 34 por cento dos clientes que habitam nos EUA passam menos tempo nesta rede social do que faziam meio ano porque, nas suas próprias palavras, ela tornou-se "aborrecida", "irrelevante" e "inútil".

 

A ascensão e queda em Bolsa do Facebook é ainda explicada pelos analistas dos mercados digitais pelo facto de a mais famosa rede social do Globo não ter conseguido adaptar-se ao mundo dos aparelhos móveis que dominam a terceira geração da Internet.

 

Claro que analistas que acreditam que o Facebook pode ter uma segunda vida bolsista, ou seja, de negócio, caso procure novos clientes no universo dos "smartphones". Mas também céticos, que pura e simplesmente consideram que, apesar de existir apenas uma década, o Facebook foi atingido por fadiga em forma da doença degenerativa.

 

O futuro dirá.

 

Certo, porém, é que os dados revelados pela sondagem da Reuters sustentam explicações credíveis para o facto de o Facebook não conseguir transformar os seus 900 milhões de clientes em dólares. Uma das explicações avançadas é devastadora para qualquer marca que procura um lugar no mundo dos negócios que a Bolsa reconhece como bons para os aforradores investirem as suas poupanças: quatro em cada cinco utentes da rede nunca compraram um produto ou um serviço a partir de um comentário de um amigo no Facebook.

 

Se este tipo de explicações vierem a ser inteiramente validadas, então poderemos dizer que o Planeta resistiu à irresistível tentação de confundir os amigos reais com os virtuais, sejam eles os do Facebook ou de qualquer outra rede social na Internet.

 

A travagem do crescimento do Facebook nos EUA está ser compensada pela penetração em países emergentes como o Brasil ou a China, mantendo esta rede social no encalço dos mil milhões de utentes. Mas não é menos verdade que a tendência norte-americana parece ilustrar o fim de um mito: o de que a amizade virtual pode ser um valor tão seguro quanto o da amizade real.