Ficção no filme "Avatar" e os conflitos da vida
real
Altino
Matos
09 de Janeiro, 2010
O filme
“Avatar”, do realizador James Cameron, que está a conquistar
a crítica planetária pela originalidade da técnica e do inegável sucesso nas salas de espectáculos,
mais do que as emoções dos efeitos visuais, levanta um problema mundial: a apetência dos homens pelo domínio do desconhecido, a todo o custo.
Este lado
dos humanos, entendido por muitos como um sentimento negativo, faz-se tão presente nos
nossos dias, que basta que
se passe um olhar rápido aos conflitos
políticos existentes um pouco por toda
parte.
James Cameron, sem incidir
directamente nos assuntos da vida
real, consegue apresentar em perspectiva, como se estivesse a enumerar os vários
passos da tomada de decisões dos líderes mundiais que levam a práticas
nefastas.
O realizador
criou um cenário virtual, fora de qualquer cogitação, mas que serve para demonstrar plenamente a intenção da
Terra de conquistar um outro
planeta habitado por alienígenas. A iniciativa dos terráqueos é dirigida por um grupo de cientistas que, ao nível
da ciência,
procura compreender os hábitos e costumes dos nativos, bem como
os pontos fortes e os místicos lugares.
A missão
concebe uma fórmula já mais
imaginável que transfere os sentidos
de alguns humanos para o corpo de nativos na
vã tentativa de penetrar no seio deste povo, a fim
de os influenciar para cederem a sua terra e glória.
A partir
daí, entra em cena “Avatar”, um ex-marine do
exército americano que se vê envolvido
em hostilidades num planeta desconhecido, habitado por “alienígenas”
com exóticas formas de vida. Como ele é “Avatar”, uma mente humana
num corpo de alien, encontra-se
dividido entre dois mundos, numa desesperada
luta pela
sobrevivência.
Durante a exploração,
que levaria à possível penetração a partir do domínio das práticas nativas, o coronel do exército que acompanha
a missão de perto, impaciente, decide abortar o procedimento e tomar o planeta desconhecido à força.
A sua
decisão não cai bem
à equipa de cientistas porque, além de acreditarem que as coisas podem resolver-se pacificamente, alertam para que, do outro
lado, há vidas de pessoas inocentes, como crianças, mulheres e velhos.
O ataque
provoca, naturalmente, a ira dos envolvidos
que, em defesa
da vida de inocentes, decidem juntar-se aos nativos
para enfrentar os seus compatriotas.
A diferença
de contexto, procedimentos tácticos e técnicos, é bem patente e é isso, no fundo, que marca a grandiosidade
desta obra que consegue reunir,
pelo menos até agora, os maiores
feitos da cinematografia.
A trama
é descrita de uma maneira suave, com lugares deslumbrantes, árvores gigantescas, caminhos sinuosos e bichos da época dos dinossauros.
A completar o cenário arrebatador, estão os indígenas que
cruzam com os humanos. A
forma peculiar dos alienígenas, com olhos rasgados, orelhas semelhantes às dos lobos, altos e com grande agilidade, impressiona até os menos
apaixonados pela Sétima Arte.
As mudanças
sucessivas da mente dos humanos, saltando de um corpo para o outro, ora
tendo forma humana ora alien, é outra conquista do realizador que traduz a
inquietação dos humanos sobre a origem de outras espécies.
Com a união
de humanos e alienígenas fica-se em presença
do melhor que existe no universo: o respeito à vida. É isto que
“Avatar”, o filme de James Cameron, sugere, acima de tudo.
O impacto
foi conseguido graças à criação de uma câmara que
permite filmar os actores ao
mesmo tempo que se vê o fundo virtual dos cenários e personagens. Deste modo, Cameron tinha em mãos
muito mais do que apenas o fundo
verde, padrão para produções deste género.
O director executivo da produtora
norte-americana Fox Filmed Entertainment, Gianopulos, também exigiu equipamentos menores do que os usados actualmente
para captar imagens em 3D. Tais acessórios deverão ser utilizados pelos cineastas em menos
de dois anos.
Para Gianopulos,
mesmo que “Avatar” não supere o orçamento,
será considerado um filme revolucionário que irá mudar
a indústria cinematográfica.