Avó evita comentar pedido de ressarcimento e diz estar preocupada com Sean

 

Diana Brito

 

colaboração para a Folha Online, no Rio

 

A chef de cozinha Silvana Bianchi, avó do menino Sean Goldman, 9, afirmou nesta quarta-feira que não fará um pré-julgamento sobre o pedido de ressarcimento de US$ 500 mil (quase R$ 870 mil) do americano David Goldman, pai da criança. A advogada do estrangeiro disse ontem que os custos que serão cobrados à família brasileira do garoto são referentes aos gastos desde o início da disputa judicial pela guarda do filho de David.

 

"Seria bom que todos tomassem conhecimento disso. Eu prefiro não emitir a minha opinião sobre isso por enquanto. Para ele estar falando sobre o assunto alguma razão existe. Não quero fazer pré-julgamento. Ele tem o direito de pedir o que ele quiser, mas não sei se isso é legal. Eu estou muito preocupada com o Sean e não com o que o David diz", afirmou a avó do menino à Folha Online.

 

Sean, nascido nos Estados Unidos, veio ao Brasil em 2004 com a mãe, que morreu no ano passado. Ele foi entregue ao pai no último dia 24, por decisão do STF (Supremo Tribunal Federal).

 

Bianchi disse ainda que recebeu uma ligação do neto na tarde de ontem (29), no primeiro dia em sua nova casa, em uma pequena cidade do Estado de Nova Jersey, nos Estados Unidos. Para avó, mesmo que o menino tenha reclamado do frio, ele está bem com o pai.

"Ele falou comigo por telefone uns 15 minutos. Está morrendo de saudade, disse que está muito frio, mas está tudo bem. Ele é muito maduro para a idade dele. É uma criança que está se mantendo centrada dentro dessa tempestade", disse a avó do garoto.

 

A avó da criança afirmou também que explicou para o neto que em breve irá visitá-lo, após "tudo ser formalizado". "No final do ano está tudo parado. Assim que nós tivermos a parte jurídica reunida, vamos visitá-lo", afirmou.

 

Emocionada, Silvana voltou a criticar a decisão do presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Gilmar Mendes, que cassou a liminar que determinava a permanência do menino no Brasil e o afastou da irmã às vésperas do Natal.

 

"Eu lamento a precipitação da Justiça brasileira. Eu estou muito abalada, muito triste e preocupada com a cabecinha do Sean. Ele deixou uma irmãzinha aqui. Toda hora que ela passa em frente a porta do quarto dele pergunta: 'cadê o irmão, cadê o irmão?' Sempre respondo que ele está viajando. Separaram dois irmãos. Isso é uma crueldade", disse Bianchi.

 

De acordo com agências de notícias, Sean e o pai ficaram toda a terça-feira sem sair à rua na casa de David em Nova Jersey. Os dois chegaram na noite de segunda-feira (28), depois de passar quatro dias na Flórida.

 

Imagens da rede de TV americana NBC mostraram Sean brincando com um gato, que era da casa, quando o menino foi levado, cinco anos, pela mãe para o Brasil. David também reapresentou para o menino o quarto dele, que foi mantido intacto.

 

Batalha judicial

 

Na segunda (28), a família brasileira do menino informou que vai manter na Justiça a disputa para retomar a guarda do garoto. A família afirma cogitar entrar com recurso no STJ (Superior Tribunal de Justiça) para que o garoto seja ouvido pela Justiça. Os familiares brasileiros esperam que Sean manifeste-se a favor de morar no Brasil, e, a partir disso, espera que a guarda dele possa ser retomada.

 

Os familiares também manifestaram a intenção de visitar Sean nos Estados Unidos. A jornalistas, nesta terça, David não respondeu claramente, disse que o assunto será discutido no futuro. A advogada do americano afirma que a família brasileira de Sean ainda não fez um pedido formal de visitas, informou o "Jornal Nacional", da Rede Globo.

 

O pai disse que Sean entrou em contato duas vezes com o Brasil desde que viajou para os Estados Unidos: uma Natal e outra nesta terça, quando conversou com a avó por telefone.