Desacreditada, reunião do G20 foi positiva
Ressalvas devem ser feitas. Foi uma primeira reunião organizada por um líder fraco
que sairá de cena em breve,
George W. Bush. Todo mundo
estava cheio de boas intenções. E
sabemos que a vida real é mais complicada --sobretudo o mercado financeiro mundial em tempos de globalização.
O objetivo
de fiscalizar o mercado financeiro do planeta é muito ambicioso --e ninguém sabe direito
ainda como
fazer e se será melhor fazer a tal regulamentação.
Mas
foi um gol essa rodada de Washington. Pela primeira
vez, os chefes
de Estado do G20 se reuniram. O grupo
é formado pelas 20 maiores economias do planeta, que representam
85% da riqueza mundial. A Espanha
e a Holanda deverão engrossar o próximo encontro, transformando a turma toda no G22.
A reunião enumerou seis prioridades até março
do ano que vem, quando deverá haver um novo encontro --em Londres e com o homem
mais poderoso do mundo, Barack Obama.
Eis os objetivos:
reforma dos aspectos da regulação que
colaboram para a crise, normas
de contabilidade, transparência
dos mercados derivados, práticas de remuneração e avaliação das necessidades de
capital das instituições financeiras
internacionais.
Claro que será difícil concretizar
tais objetivos
em tão pouco
tempo. Repetindo: será que vale a pena?
No entanto, há um mérito inegável.
A atual crise
financeira parece ser o ponto de partida de um mundo mais multilateral, coisa que andava
bem esquecida. Trocando em miúdos:
o mundo rico deu sinais de que
ganhará se começar a ouvir o mundo
emergente.
E o Brasil
tem, sim, um papel importante. O país deve usar as questões energéticas e ambientais para aumentar a sua voz nas
decisões mundiais.
A primeira delas seria uma
ação de arromba para congelar a
Amazônia no tamanho atual. E o mundo todo deveria arcar
com a conta da manutenção da maior
reserva de floresta
tropical do planeta.
No aspecto energético, o etanol e a reserva de petróleo do pré-sal são trunfos
que, se bem usados, trarão maior desenvolvimento ao Brasil e maior
respeito internacional. É hora de pensar
grande.
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Kennedy Alencar, 40, é colunista
da Folha
Online e repórter especial da
Folha em
Brasília. Escreve para Pensata às sextas e para
a coluna Brasília
Online, sobre os bastidores da política federal, aos domingos. Também é comentarista do telejornal
"RedeTVNews", no ar
de segunda a sábado às 21h10. |