As 50 sombras de Dominique

 

Strauss-Kahn

 

Por Ferreira Fernandes

 

Quis o deus das programações que As 50 Sombras de Grey estreasse em milhares de salas pelo mundo fora quando Dominique Strauss-Kahn atua numa sala dum tribunal de Lille, França. Confirma-se, a realidade é quase sempre mais excessiva do que a imaginação. O assunto é aparentemente o mesmo, sexo e na versão dura, mas DS-K, corpanzil sexagenáriouma idade que nele é todo um programa), parece muito mais verosímil do que o jovem e bonito Jamie Dornan fazendo do tal Grey. Este pode exibir todos os seus 50 tons cinzentos mas nem a paleta inteira vale o olhar glacial e o falar cortante, no tribunal, do ex-patrão do FMI. As prostitutas que falaram antes dele lembraram relações a que chamaram de abattoir (de matadouro) e uma disse que chorou ao ser sodomizada. Ele, que nega ter sabido estar com prostitutas, diz-se libertino e que julgava estar com libertinas. Mas o filme não era esse, como se viu no tribunal com um dos seus colegas de banco de réus.O proxeneta Dodo La Saumure confessou em audiência que costumava chamar "gado" às mulheres que mostrava aos clientes nos seus bordéis da fronteira franco-belga. As mesmas que enviava aos hotéis luxuosos de Paris e Washington para DS-K. As 50 sombras de um homem culto e inteligente, ex-poderoso por causa da sua incontrolada não impotência... No filme que agora estreia, DS-K seria um magnífico Grey. No tribunal, é um secundário, apagado de cena pelo drama de cada uma das mulheres que usou.