De olhos em África

 

Quase meia centena de chefes de Estado e de governo de África encontram-se hoje com Barack Obama. Será o ponto alto de uma cimeira de três dias em Washington em que os Estados Unidos tentarão criar pontes para uma maior cooperação económica com o chamado continente negro. Obama, filho de uma branca do Kansas e de um queniano, tem especiais razões para promover esta aproximação estratégica, mas a verdade é que a América sabe que como primeira potência não pode ficar alheia ao desenvolvimento de África, cuja economia deverá expandir-se este ano 6,1%.

 

Não é coincidência que esta cimeira ocorra apenas cinco meses depois da que juntou em Bruxelas os países da União Europeia e os membros da União Africana. Também a Europa está interessada em reforçar laços com o continente, ultrapassando mal--entendidos dos tempos coloniais. É que além das tradicionais oportunidades no campo dos minérios e dos hidrocarbonetos, e também na agricultura, África surge como um mercado, com 300 milhões de consumidores classificados como classe média.

 

Por isso também a aposta de chineses, japoneses e indianos em conquistar parcerias do Magrebe à África Austral.

 

Portugal, pelo seu passado, tem também de estar nesta corrida. Até porque a lusofonia é uma força em África, englobando algumas das economias mais dinâmicas. Aliás, entre os convidados de Obama estão o vice-presidente de Angola, os presidentes de Moçambique, Cabo Verde e Guiné-Bissau, e ainda o primeiro-ministro de São Tomé.