A 'Guerra Fria' moderna
Os
Estados Unidos e a Rússia estão envolvidos
numa luta diplomática por causa de Edward Snowden, o analista
da Agência de Segurança Nacional americana (NSA) que denunciou as práticas abusivas da vigilância dos serviços secretos norte-americanos.
É
óbvio que a presença de Snowden no aeroporto
de Moscovo é desconfortável
para o Kremlin. Basta, aliás, atentar nas declarações do Presidente Putin sublinhando que quanto mais
cedo o antigo analista da NSA
escolher o seu destino, melhor. Mas é também evidente
que Moscovo não fará nada para
facilitar a vida à Administração Obama, que pretende julgar o homem, agora considerado traidor, que abalou
a credibilidade e a confiança
dos serviços secretos americanos.
Ao colocar a Rússia no mesmo patamar dos "países autoritários" que ajudam Edward Snowden na sua fuga, os
Estados Unidos convocam o mundo para os dias
longínquos da Guerra Fria, sem antes cuidar de esclarecer se as denúncias do antigo analista da NSA têm
ou não fundamento.
É que se o "Big Brother" global descrito por Snowden, sem respeito pelos
mais elementares direitos de privacidade dos cidadãos, for prática aceitável, é a própria América que é posta
em causa. Talvez seja isso
que justifica a pressa em apanhar
o delator. Mas é também isso que
pode atirar-nos para uma batalha
diplomática de consequências
imprevisíveis.