Os estados presos na 'Net'

 

Por:Medeiros Ferreira, Professor Universitário

 

Enquanto andamos entretidos a ler as escutas da internet presos à meada que se desenrola proveniente do misterioso Wikileaks, talvez convenha realçar a fragilidade dos Estados que se penduraram no ciberespaço para as suas comunicações. A frase corriqueira "Isto está na internet" tomou proporções catastróficas para os Estados ciberdependentes.

 

É verdade que o Conceito Estratégico da NATO aprovado há dias em Lisboa dedica dois pontos aos ciberataques, apresentando-os como "mais frequentes, mais organizados e mais custosos". O caso é ainda mais grave e inquietante porque foram os Estados Unidos que deixaram o génio sair da garrafa e seduziram o mundo a utilizar "a rede".

 

Nem a decifragem do código alemão Enigma pelos ingleses na II GM se assemelha ao que acaba de acontecer ao Departamento de Estado norte-americano. Quanto às revelações em curso, convém esperar pelo desenrolar do motor de busca. Em relação a Portugal até aqui, e mesmo de olhos bem fechados, só há confirmações do que o bom povo português já desconfiava. Decisores timoratos e espertos. Como já G. Kennan os descrevia para Washington em 1943. Triste mesmo é não haver nenhum jornal nacional na lista do sueco. Até Luís Amado reage ao ‘El País’…